sábado, 3 de maio de 2025

Resquícios do alferes

Esse sábado acordei com uma vontade de andar de moto devidamente, rodar mais, e resolvi sair sozinho. A Rochelli estava trabalhando — era o plantão dela — e o pessoal do grupo da moto estava meio off. Apesar de terem mandado umas mensagens no dia anterior, na sexta-feira, a coisa ficou meio parada por lá. Então, resolvi que ia sair independentemente de todo mundo. Olhei pela janela e vi que o tempo estava bem bacana: um friozinho, mas com sol. Um dia muito bonito.

Não tinha programado nada — coisa que eu gosto de sempre fazer: programar alguns destinos, algumas rotas. Mas isso não me impediu de sair. Peguei os baús, as GoPros, que tinham algumas baterias carregadas, meu GPS de trilha só para marcar o caminho, e o GPS do painel da moto para ir pensando em trajetos. A ideia era sair meio sem rumo, embora eu tivesse duas rotas em mente. Uma, mais curta, por estradas menores, me levaria até Santana do Garambéu, para dar uma olhadinha naquela cachoeira da Água Limpa e ver se melhoraram o acesso, segundo alguns relatos que recebi. A segunda opção seria seguir em direção a Lafaiete e Ouro Branco, pois sempre tive interesse por alguns pontos da Estrada Real naquela região — como o Sítio da Varginha, onde há um monumento em homenagem a Tiradentes, o inconfidente, e a própria "Casa de Tiradentes", que seria uma antiga fazenda, a Fazenda Carreiras
, usada possivelmente como hospedaria pelos Inconfidentes.

Acabei optando pela segunda opção, pois queria pegar uma estrada maior, mais rápida, e rodar um pouco mais. Desci com as coisas para a moto e saí logo em seguida. Saí por volta das nove da manhã e peguei o contorno de Barbacena, como costumo fazer para evitar o trânsito da cidade. Em pouco tempo já estava na BR-040, seguindo ao norte, passando por Vasconcelos, Ressaquinha, Carandaí, Cristiano Otoni… E logo já estava pelas bandas de Lafaiette.

A estrada estava pouco movimentada e muito agradável. O tempo frio, mas não gelado, um sol realmente muito bonito, céu sem nuvens… Estava o tempo perfeito para andar de moto.

Chegando em Lafaiete, segui a rota presente no meu GPS, porém já fazendo o acesso pelo contorno da cidade — vamos dizer assim — que se tratava de um acesso entrando por um bairro à direita, cujo nome eu não sei, e subindo diretamente até a estrada Lafaiete–Ouro Branco, que é a antiga Estrada Real.

Segui por essa estrada, que também estava com pouco movimento e tem um traçado muito bonito, serpenteando por cima dos morros, com uma vista de longas distâncias. Já era possível inclusive ver a Serra de Ouro Branco logo à frente, e fui avançando.

Quando cheguei ao Sítio da Varginha, acabei passando do ponto, porque não havia indicação nenhuma, e tive que fazer um retorno para acessar o sítio histórico. A porteira estava fechada com cadeado, então, infelizmente, não pude chegar muito perto das estruturas. Mas deu para ver o monumento em homenagem a Tiradentes — uma réplica da perna dele em exposição — e, ao longe, a sede, com algumas ruínas. Estava tudo muito mal cuidado e fechado também, não deu para ver maiores detalhes, mas consegui tirar algumas boas fotos dali.

Segui depois, passando por uma pequena comunidade (Carreiras), e após alguns quilômetros cheguei à Casa de Tiradentes - Fazenda Carreiras, que é um lugar mais bem sinalizado. Acredito que funcione como um museu, inclusive. Consegui parar a Ténéré bem em frente a essa casa, que era uma antiga hospedaria. Apesar de o interior da casa estar fechado para visitação, era possível circular por todo o entorno: os jardins, o quintal, as varandas antigas… Andar sobre as madeiras, sentir o tempo daquelas estruturas. Rendeu ótimas fotos. Foi muito bom ter ido até lá, mesmo com a casa fechada. Fiquei bem satisfeito.

É muito bom poder visitar esses locais com calma — e essa é uma das vantagens de rodar sozinho de vez em quando. Quando a gente está acompanhado, acaba considerando o interesse dos outros, os horários, os pontos de encontro. Ali não: era só eu, a moto e o que eu quisesse fazer. Esse sentimento de liberdade é muito bom.

Quando me dei por satisfeito, segui em direção a Ouro Branco e, pela previsão, chegaria muito cedo lá — antes das 11 horas ainda.

Segui pela estrada e, devido ao horário, marquei o centro da cidade como destino, porque os restaurantes provavelmente ainda estariam fechados. Resolvi parar perto da Igreja Matriz de Santo Antônio para tirar umas fotos por lá, já que a praça central histórica é muito bonita. O dia estava perfeito para fotos. É realmente belíssima a vista do centro histórico com a igreja à frente e o fundo formado pela magnífica Serra de Ouro Branco. Incrível paredão natural.

Fiquei ali por um tempo, tirando fotos, visitando o local, até mais ou menos umas 11 horas da manhã — que já estava se aproximando. Peguei a moto novamente e coloquei no GPS um bom restaurante para almoçar. Apesar de ainda ser cedo, eu só tinha tomado café com leite pela manhã e já estava com fome. Não fiz nenhuma parada na estrada também.

Lembrei-me de um restaurante muito bom que eu, a Rochelli, o Paulo e a Natália havíamos descoberto por acaso na última vez que estivemos em Ouro Branco. Naquela ocasião, pegamos uma chuvada no retorno, que sujou as motos com barro de minério. Mas dessa vez, o tempo estava muito bom.

Segui para o restaurante (Trem Mineiro) e, ao chegar no entorno, percebi que estava muito cheio. Havia uma feira livre e de artesanato rolando na rua — exatamente como da outra vez, com o Paulo, a Natália e a Rochelli. Mesmo assim, consegui parar relativamente perto e acessar o restaurante.

Foi muito bom ter voltado ali, porque as opções são inúmeras e o preço é bem legal. Pude almoçar muito bem e descansar. Fiquei um bom tempo por ali e, quando me dei por satisfeito também, resolvi voltar.

Coloquei no GPS a rota para casa, me perguntando qual caminho ele calcularia — se via Congonhas ou por dentro de Lafaiete novamente. Acabou que ele traçou a rota por Lafaiete, e eu segui. O retorno foi super tranquilo, sem pressa. A estrada continuava vazia, talvez até um pouco mais, por ser horário de almoço. Fui voltando praticamente pelo mesmo caminho que tinha feito na ida: Ouro Branco a Lafaiete. De Lafaiete, acessei a BR-040 novamente, passando por fora da cidade. Em pouco tempo, já passava por Cristiano Otoni, Carandaí, Ressaquinha e Alfredo Vasconcelos.

Cheguei em casa por volta de 13h30min, realizado por ter feito um passeio solo muito bom, muito contemplativo, muito tranquilizador, aproveitando essa oportunidade de visitar paradas históricas tão interessantes. E os registros de foto sempre vão reavivar minha memória.

Viagem de moto é tudo de bom!



















2 comentários:

  1. Muito legal. Tb gosto de rodar sozinho. Justamente pelos motivos que vc citou em relação a essa liberdade de parar onde quer e até mudar o percurso. Acho mto bom, embora não se relaxa tanto quanto se tem outra moto em companhia. Belas fotos. Gostei mto. Parabens

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  2. Realmente, Tio Célio! É bom também rodar em companhia. Mas, temos que aproveitar cada pequeno momento para sair por aí, não é mesmo? Kkkk. E liberdade não tem preço. Grande abraço!

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