domingo, 16 de abril de 2017

Um lugar dos sonhos

Esta foi uma viagem bem diferente. A começar pelo veículo: fomos de carro. É... Não é a mesma coisa. Uma vivência completamente distinta. E por isso mesmo não podemos deixar de escrever, afinal, novas experiências (também como novos lugares) nos trazem aprendizados únicos.

Tudo começou com um convite. Minha irmã Mariana e seu namorado, Filipe, estavam pensando em fazer uma viagem e nos chamaram. O destino, Paraty, no Rio de Janeiro. Paraty! Sempre quis conhecer tal lugar, desde a adolescência, em realidade. Cidade litorânea, histórica, com serras e cachoeiras, trilhas, pedras e tudo mais. Daí a definição do carro como nosso meio de transporte. Os dois não andam de moto e, dividindo entre a gente, tudo ficava mais em conta. Além disso, a ideia básica de curtir a viagem que a moto nos proporciona não estava totalmente descartada: essa seria uma viagem para curtir, com calma, novas estradas, paisagens e lugares. Topamos na hora, apesar do orçamento sempre apertado. Daríamos um jeito, claro.

Analisamos durante mais um menos uma semana os preços de hotéis e pousadas. Eu, como sempre, procurei saber o máximo sobre o lugar através da internet e até com colegas de trabalho. Calculei rotas possíveis (apesar do Filipe já ter as referências que os irmãos dele haviam dado). Acabamos reservando dois quartos no ótimo Jabaquara Beach Resort por todo o período do feriadão de Corpus Christi entre 13 e 16 de abril. Ficamos bastante ansiosos por uma viagem tão longa e que prometia tanto.

Chegado o dia, partimos cedo. Filipe dirigindo o econômico Ágile da Mariana, eu de copiloto navegador e as meninas atrás. Música, guloseimas e água. É... o carro também tem suas vantagens. Conversamos durante todo o trajeto, ao menos nós homens, pois as duas apagaram em bons trechos da longa viagem. E que viagem... A 040 até Três Rios já era até conhecida, mas, para frente, tudo novo. Lindas estradas do interior fluminense, regiões de Vassouras, Mendes, a incrível descida da serra entre Lídice e Angra dos Reis, e o belíssimo litoral, percorrido pela BR-101 até Paraty. Algumas poucas paradas e uma viagem completamente fantástica. Nem deu para sentir cansaço.

Uma vez na cidade, buscamos o resort, que se localiza na região norte, numa praia calma da baía de Paraty. O acesso era por uma rua de terra, um pequeno trecho, mas meio feio. Na chegada, procuramos a recepção e, para nossa surpresa, não havia uma, kkk. Apesar da estranheza inicial, fomos muito bem recebidos pelos funcionários, os quais nos informaram que os donos chegariam mais tarde, acertando tudo, e já nos deram acesso aos quartos (pudemos inclusive escolher dentre aqueles semelhantes aos reservados). Tudo muito bacana. Descarregamos as coisas nos ambientamos, tiramos algumas fotos do resort, que era muito bonito e saímos para passear na cidade.

Neste primeiro dia, o tempo não estava ajudando. Mesmo na estrada, havíamos pegado uma chuva leve. Mas a falta de sol não ocultava a magnitude do lugar. Perfeito a meus olhos (e pude ver um sorriso no rosto de todos ao andar pelas ruas). Lembrava muito a nossa conhecida Tiradentes, com história por todo lado, belos casarões, igrejas fantásticas, um certo grau de sofisticação nas lojas, mas, acrescidos a isso, canais que davam no mar, atracadouros, barcos de passeio, ilhas incríveis ao longe e grandes serras no entorno. Encontramos um restaurante aberto e comemos pratos individuais, notando de cara a presença de grande número de estrangeiros. Continuamos o passeio e fomos surpreendidos por uma pancada de chuva. Quatro pessoas e uma única sombrinha, a da Mariana. Não dava... Eu e a Rochelli saímos correndo pela cidade de volta ao carro, acreditando que chegaríamos antes que a chuva apertasse... Ledo engano, kkk. Não havia lugar para esconder, tirando algumas lojas, já lotadas de gente, e ficamos ensopados. Preocupados? Jamais. Rindo a beça. Voltamos ao resort, acertamos tudo referente à hospedagem, descansamos um pouco, eu e minha linda jogamos pingue-pongue (kkk) e à noite, saímos. Percebemos uma cidade muito viva, colorida e com inúmeras opções. Acabamos indo a uma esfiharia, chamada Esfiharia Emirados. Ótima, tirando que a Rochelli não curte comida árabe (aliás, todas as comidas "estranhas", na opinião dela, kkk). De qualquer forma, uma noite muito agradável. As ruas estavam úmidas da chuva do dia - algumas, alagadas de fato, o que depois aprendemos ser uma característica da antiga cidade, capaz de limpar (!), com a invasão da maré os esgotos jogados às sarjetas. Depois de mais esse passeio noturno, já era hora de voltar ao resort e ter uma boa noite de sono para estarmos muito bem dispostos na manhã seguinte.

Segundo dia. Café da manhã espetacular com direito a pães de queijo feito pelo próprio dono do resort, um simpático holandês. Decidimos ir às praias da famosa Trindade, distante uns 30 km ao sul, via BR-101 e depois por uma estrada de acesso. O dia estava muito mais bonito, aberto, com bastante sol revelando um trecho perfeito da 101. Muita mata em meio a Serra do Mar e ótimas vistas das praias e ilhas. Realmente único. A estrada de acesso a Trindade então, a partir da BR, é uma atração à parte. Serra íngreme e sinuosa, com um ponto em que passamos literalmente dentro da água do mar.

Trindade é bem diferente. Tem mais cara de uma pequena vila praiana, sem casarões históricos. Muito do que vimos foram restaurantes com cardápios praticamente idênticos, como pudemos conferir mais tarde. Estacionamos o carro e fomos à praia principal. Linda, perfeita. Uma praia com ondas fortes, que intimidaram um pouco as meninas. Mas ninguém resistiu. Mesmo com alguns capotes, fomos todos para a água. Tiramos dezenas de fotos (não é mentira), ficando próximos a um quiosque de uma mulher que parecia argentina, ou uruguaia, sei lá (são tantos estrangeiros...). Eu e minha lindinha aproveitamos para caminhar no sentido leste da praia, explorando tudo o que pudéssemos. Andamos um bom trecho e encontramos bancos de areia, grandes pedras e muita mata nativa. Ao longe, num paredão de pedra, ondas quebravam violenta e incessantemente. Andamos tanto que, de repente, ficamos preocupados com a Mariana e o Filipe e com o resto de lugares que poderíamos visitar, pois não tínhamos tanto tempo assim. Voltamos e decidimos visitar a próxima praia, a Praia do Meio, e talvez outras. Tudo, na verdade, era próximo e nem tocamos no carro.

A tal Praia do Meio se revelou ainda mais incrível que a primeira, e, ao contrário da outra, estava lotada; muito em função de sua reduzida dimensão. Águas calmas, parecia mais uma lagoa. O visual, no entanto, muito, muito bonito. As meninas (principalmente a Rochelli) até se arrependeram de não termos ido diretamente a esta praia mais calma. Paramos mais um pouco e fizemos mais algumas dezenas de fotos, kkk. Havia a possibilidade de acessarmos por terra a Praia do Cachadaço e algumas piscinas naturais quilômetros à frente, mas isso implicava em seguirmos por trilhas. Começamos, mas, à medida em que a trilha ficava mais íngreme, minha irmã ia travando (ela detesta altura). Não sou lá muito aventureiro assim, mas eu e a Rochelli ainda seguimos um pouco à frente, apenas para verificarmos que a trilha subia mais e mais. Com o tempo mais contado e muitas coisas a fazer, percebemos que não seria a melhor forma de acesso para nós (ainda havia a opção de irmos de barco, o que parecia, então, uma experiência mais legal). Já bem cansados de toda a andança, resolvemos voltar ao carro e encontrarmos um restaurante. Demoramos a escolher um. Achamos tudo um pouco caro, ou escuro, ou os dois, kkk. E, como havia dito, os pratos eram praticamente os mesmos em todos. Mais uma vez, optamos por pratos individuais, que se mostraram muito bem servidos.

No retorno, uma passada breve no resort para tomarmos banho e, mais um passeio por Paraty. Desta vez, com tempo melhor, mais calma. O clima da tardinha e do início da noite estava ótimo. Passamos em inúmeras lojinhas, praças, e a cidade cheia, viva, colorida. Ficamos encantados. Para comer, acabamos indo a Pizzaria e Esfiharia Colônia, a qual, para desespero da Rochelli, não estava servindo pizzas. Mais uma noite de comida árabe, portanto... Consideramos ir ao Paraty 33, um bar com música ao vivo, mas, quando passamos em frente, já estava muito lotado. A música, no entanto se mostrou de grande qualidade. Cansados de mais um dia incrível, voltamos ao resort.

Terceiro dia. Apesar de ficarmos muito tentados ao retorno a Trindade neste dia, com o possível deslocamento de barco até as tais piscinas naturais do Cachadaço, resolvemos seguir no sentido oposto, para o norte, até a praia de São Gonçalinho, de onde poderíamos, por barco, ter acesso à Ilha do Pelado (uma dica, ao lado do Paraty 33, de uma colega de trabalho, a professora Simone). Após mais um ótimo café da manhã, pegamos a 101 mais uma vez em direção a São Gonçalinho. Lá chegando, estacionamos e fomos direto à praia, a qual era pequena, mas muito bonita e tratamos rapidamente sobre o transporte até a Ilha do Pelado. Pegamos uma lancha que, em uns 10, 15 min. nos deixou na ilha. Tudo com preços justos, considerando ida e volta, cujo horário era acertado previamente com o piloto.

A Ilha do Pelado se mostrou um verdadeiro paraíso. Havia apenas um bar funcionando, o Bar da Bete, mas que tinha bons preços e cardápio saboroso. Comemos muitos pastéis fritos na hora, kkk. As praias são voltadas à costa e não ao mar aberto e têm águas muito calmas. Também achamos a temperatura ótima. E o visual... Indescritível. Apenas indo lá, pois as fotos (mais dezenas) não conseguiriam reproduzir com fidelidade. Andamos pelas pequenas praias, aproveitamos as águas e a estrutura rústica montada pelo bar. Todos adoraram a ilha e concordaram que foi mais interessante fazer este passeio a voltar a Trindade. Foi realmente muito bom e nem percebemos o tempo passar. Quando a lancha voltou, sentimos que poderíamos ter pedido um retorno mais tarde. Uma pena, mas havia ainda bastante coisa a ser vista em Paraty. Retornamos, pois, e pegamos o carro de volta. De volta ao resort.

Em Paraty, nossa próxima programação era ir à Mini Estrada Real, um pequeno museu sobre a estrada com maquetes de atrações das cidades servidas pelo Caminho Velho. Além disso, conseguiríamos mais um carimbo para nossos passaportes. O Filipe conseguiu até retirar o seu, já devidamente carimbado com o desenho de Paraty. O museu era aberto e muito interessante, com visita guiada. Só não contávamos com a grande quantidade de mosquitos (que dizem ser comum na região de mata atlântica da região). A Rochelli então, sofreu, pois estava de short, e as picadas eram ferozes, bem maiores que as de pernilongos às quais estamos acostumados. Apesar do grande incômodo, percorremos todas as maquetes e agradecemos a simpatia dos donos do museu, mineiros como nós. Seguimos mais uma vez ao centro da cidade onde passaríamos nossa última noite. Além de termos visitados ruas e lugares que nos eram ainda desconhecidos, fomos jantar na taqueria mexicana Frida & Diego. Eu, que sempre quis provar a culinária mexicana, gostei muito. Lugar agradabilíssimo, com música ao vivo. Estava bem vazia (talvez em função do horário, ainda cedo), mas aproveitamos para conversar bastante, trocando nossas impressões sobre a viagem como um todo e saborear tacos e tortillas. Depois, retornamos ao resort para a nossa última noite neste lugar simplesmente incrível.

No quarto e último dia, aproveitamos para curtir o resort no tempo que tínhamos entre o café da manhã e o check out. Ficamos na piscina em boa parte da manhã, nos despedimos do lugar com toda a sua hospitalidade e saímos para a cidade, na intenção de realizar um pequeno passeio pelo porto, além de almoçarmos. Acabamos indo a um Subway mesmo, pois todos gostamos e, depois, pé na estrada.

Na viagem de volta, as meninas dormiram por praticamente todo o trajeto. Eu e o Filipe viemos conversando e admirando as estradas. Lanchamos no meio do percurso de retorno e chegamos finalmente a Barbacena certos de que esta viagem ficaria para a vida. Aliás, grande ficou a vontade de retornar a Paraty para estadias maiores e viajando de moto! Planos certos para um futuro, pois, com toda a certeza, esta foi uma das melhores viagens que já fiz.


  
  
  
  
  

sábado, 1 de abril de 2017

Visita ao santuário

Congonhas era, junto com outras cidades históricas, um destino que já conhecia. No entanto, era mais uma para as quais nunca havia viajado de moto, bobo que era. Fazer uma rota para Congonhas era, portanto, ampliar meus horizontes motociclísticos, além de uma oportunidade de levar a Rochelli para conhecer o Santuário de Bom Jesus dos Matosinhos, com as fantásticas esculturas em pedra sabão do Aleijadinho. Dessa vez, com mais liberdade, certamente teria a chance de conhecer outros pontos da cidade.

Dia bonito, arrumamos tudo: câmera fotográfica, baús com roupas de chuva (por precaução), alguns lanches, água e tudo mais. Confiei na rota que fiz previamente para meu Garmin Etrex e acabamos passando por um bairro que não conhecia, cheio de morros, chegando à região do santuário por cima.


Não há como descrever em texto a beleza do santuário. No alto de uma colina, com boa visão da cidade, tem, junto a igreja com as esculturas dos profetas do Velho Testamento, seis capelas com os passos da Paixão de Cristo, repletos de esculturas em madeira do século XVIII.

Almoçamos ali por perto mesmo. Não me lembro do nome do lugar, mas apenas que esperamos, esperamos, esperamos... kkk. Todos lá pareciam estar em câmera lenta. Até na hora de receber o pagamento. Se nós, que somos mineiros da região achamos o ritmo lento e bucólico demais para o nosso gosto, imaginamos o que sentiriam os turistas de cidade grande... Teriam um ataque.


Bem, na região existe agora um grande museu de arte sacra, além de pequenas lojas de artesanato e um interessante largo circular para os antigos romeiros. Parece que o turismo ligado à religião tem movimentado bem as coisas por lá.

Depois de passar boas horas lá em cima, falei com a Rochelli que nunca havia visitado nenhum lugar da parte baixa da cidade e que havia traçado rota para pelo menos mais uma igreja histórica. Dava inclusive para vê-la lá do alto, mas sem a mínima ideia de como chegar pelas ruas centrais (doidas para nós, forasteiros que éramos).


A descida foi tranquila e pudemos conhecer a tal outra igreja. Bem central, era a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, muito bonita e com uma praça bem cuidada à frente. No trajeto pudemos ver muitas casas de comércio, lanchonetes, sorveterias, etc. Descansamos e tiramos fotos por lá, nos preparando para a viagem de volta.

Ao entardecer, voltamos a Barbacena em mais uma viagem tranquila. Na bagagem, fotos e lembranças de mais um passeio delicioso.