sexta-feira, 29 de abril de 2022

Rio das Mortes

Aproveitei a manhã de sexta-feira, em que não tenho aulas, para pegar a Ténéré e dar uma espairecida. O local escolhido foi o pequeno Distrito de Rio das Mortes, pertencente a São João del-Rei e que é caminho da Estrada Real. Faz tempos que desejo conhecer o pequeno local, sempre evidente quando rodamos pela BR-265 e passamos pelo bem cuidado trevo do distrito.

Saí logo pela manhã em uma rodada solo, já que a minha lindinha estava no trabalho. A moto já estava abastecida e, então, foi só pegar as coisas, ligar e sair. Viajei devagar, curtindo a estrada e o dia perfeito, sem nuvens. 

Ao chegar em Rio das Mortes, procurei o centro do distrito, logicamente onde se situa a igreja principal. Para minha surpresa, o lugar estava lotado: estava saindo de uma capela lateral um cortejo para um enterro. De forma discreta, parei a moto na frente da igreja, tirei poucas fotos e resolvi aguardar. Enquanto estava ali, observando ao longe, a movimentação, vários senhores moradores locais pararam para conversar, para saber de onde eu era e para comentar detalhes sobre o distrito. A conversa foi ótima e pude saber para onde vão todos os acessos de estrada que partem do centro do distrito, além de muitas outras histórias. Devo ter ficado ao menos uns 40min conversando com o pessoal de lá, que tem o maior orgulho do pequeno e bem cuidado distrito, o qual vem conquistando um crescente turismo de base religiosa.

Como a ideia era conhecer brevemente o local e retornar para um passeio curto, logo me despedi e voltei à estrada. Claro que dei aquela paradinha básica no Legítimo Rocambole para tomar um café e levar um agrado para casa. A Rochelli agradece, claro.

Alma abastecida de paz para mais um bocado de dias!














domingo, 17 de abril de 2022

Parques das águas e mais carimbos

A viagem do feriadão foi daquelas maiores e planejadas. Já fazia um bom tempo que gostaria de rodar mais para o sul, na região de Caxambu e São Lourenço, cidades as quais nunca havia visitado. A princípio estávamos juntando uma grana para uma viagem mais longa, possivelmente de avião, durante a tal semana de outubro (com que, particularmente, não concordo, mas que, já que existe, a ideia é aproveitar para viajar mesmo). Com a greve da Educação em Minas, vimos estes planos caírem por terra e, ao mesmo tempo, a possibilidade de usar o dinheiro para viagens menores e mais curtas. Estava aí formada a oportunidade de visitar o sul mineiro de moto.

Nas semanas antes da viagem, aproveitei para dar um trato na Ténéré. Comprei uma nova bolha (a antiga estava muito desgastada e embaçada) com novos suportes e também um novo apoio para o GPS ficar mais alto. Fiz também a troca do pneu traseiro, que já tinha alcançado o limite do TWI. Como algumas chuvas repentinas e bastante fortes estavam assolando a região, achei melhor não contar com a sorte em um trajeto longo, levando também uma câmara extra, para o caso de imprevistos. Adiantei um pouco a revisão dos 30.000 Km. Na véspera, abasteci a Ténéré e a equipei novamente com o banco sela, mais confortável. Suas costuras não estão muito boas e já tem uns pequenos rasgos, motivos pelos quais não o utilizo mais no dia-a-dia.

Sobre a rota, decidimos seguir o trajeto mais longo, via Juiz de Fora e pegando a BR-267. Seria uma ótima oportunidade de rodarmos por uma rodovia completamente desconhecida para nós. A ideia era voltar também pelo mesmo percurso, aproveitando estradas mais rápidas, apesar da maior quilometragem. Contudo, carreguei no GPS também um retorno alternativo, passando por Cruzília, Minduri e São Vicente de Minas, um trajeto que chegaria até Madre de Deus de Minas, onde já fomos quando fizemos o circuito Piedade do Rio Grande - Madre de Deus de Minas - São João del-Rey - Barbacena. A minha lindinha ainda me lembrou de pegarmos os passaportes da Estrada Real, já há muito esquecidos, por fazer um bom tempo em que não visitamos novos pontos de carimbo da velha estrada. Poderíamos, com certeza, carimbar nas cidades de Caxambu e São Lourenço.

Na manhã de sexta-feira, saímos logo cedo, pegando a BR-040 rumo a Juiz de Fora. O tempo estava bem fechado e esfriando, marcando uma mudança repentina, já que os dias seguiam quentes até então. Chegamos até mesmo a pegar uma garoa fraca. Em Juiz de Fora, pegamos a BR-267 para Lima Duarte e Bom Jardim de Minas. O frio apertou e paramos algumas vezes para colocar a capa da minha jaqueta, trocar minhas luvas de dedos cortados para as completas e a Rochelli vestir a sobrecalça de chuva. Com esses arranjos, pudemos seguir viagem mais confortavelmente, além do calor do sol ir esquentando conforme o tempo ia passando. Fizemos as paradas em alguns restaurantes, aproveitando para dar uma esticada nas pernas e ir ao banheiro.

Ao longo da viagem, percebemos que o combustível estava caindo em um ritmo mais acelerado do que o esperado, ficando a autonomia da moto muito prejudicada. Muito estranho, afinal, a moto fora toda revisada! Seria preciso fazer um reabastecimento na estrada e em um ponto bem anterior ao planejado. Juntamente com alguns problemas que a moto apresentou antes da revisão, cheguei a conclusão de que a gasolina do posto em que sempre abasteço em Barbacena (e no qual confiava!) não está prestando não. Após abastecermos em um posto na BR-267 (e bem mequetrefe, por sinal), a moto virou outra: melhorou o desempenho, a aceleração e ficou com a marcha lenta mais estável. A média também melhorou bastante, como verificamos depois.

Nesta estrada pudemos ver lugares bem interessantes. Passamos ao lado do circuito automobilístico Potenza, próximo a Lima Duarte, paramos na lanchonete e restaurante Potência da Serra, próximo a Olaria, subimos novamente a Serra da Mantiqueira em Bom Jardim de Minas e tiramos várias fotos no trevo de acesso a Liberdade, com um letreiro já famoso para viajantes.

Ao chegarmos ao trevo de Caxambu, minha lindinha propôs, por ser ainda cedo, que visitássemos o Parque das Águas e foi o que fizemos. Eu já tinha uma ideia de como era o acesso por dentro da cidade, nos guiamos pelas placas e alcançamos o parque sem problemas. Conseguimos nosso primeiro carimbo no passaporte da Estrada Real, do Caminho Velho, nesta viagem e aproveitamos as belezas do parque por mais ou menos uma hora. Ao sair, pegamos novamente a Ténéré e seguimos para São Lourenço, uns 25 Km de distância dali.

Em São Lourenço, nos hospedamos no ótimo Hotel Central Parque, com localização privilegiada, logo em frente ao Parque das Águas e de onde pudemos visitar o centro, com seu comércio, feiras de artesanato e, claro, o próprio parque. Experimentamos bons pratos e lanches na Vintage Burgueria e no Madera Museu Bistrô, além de comprarmos alguns lanches na padaria Marvi, tudo no entorno do próprio hotel.

Planejamos passar o sábado no Parque das Águas, que é grande e cheio de atrações. Tínhamos a ideia de pegarmos o trem turístico para Soledade de Minas, mas acabamos concluindo que ficaria tudo muito corrido, pelo tempo que tínhamos nesta viagem, o que, na verdade, acaba sendo mais um motivo para retornarmos, kkk.

Para o retorno, no domingo, decidimos utilizar justamente a rota alternativa, por Cruzília, pois percebemos que poderíamos pegar mais um carimbo do passaporte nesta cidade. Combinamos de sair mais cedo também, para irmos com calma, passando pelas pequenas cidades e curtindo a estrada, que, certamente, seria mais simples e deserta, passando por muitas plantações de distritos rurais e lugarejos. Pouco antes de sairmos verificamos, por sorte, que ainda havia mais um carimbo que poderíamos conseguir: o de Baependi. Nem nos demos conta na ida. Assim, fizemos o check-out e botamos o pé na estrada novamente.

De São Lourenço, novamente a Caxambu e de Caxambu para Baependi, onde carimbamos nosso passaporte na igreja principal (nos guiando pelo GPS do celular da Rochelli), em plena comemoração da Páscoa. De lá, seguimos na BR-267 somente até o trevo de saída para Cruzília, onde pegamos o quarto carimbo desta viagem, na Pousada Cruzília. Prosseguimos para Minduri e São Vicente de Minas. Esta última cidade, não visitamos por um erro na rota do GPS. Como era uma retorno alternativo, não tive a preocupação de checar totalmente o trajeto, o que fez com que o cálculo automático de rota nos direcionasse a um "contorno" na cidade, de um trevo ao outro. Detalhe: o contorno era de terra, e bem off road mesmo. Rodamos devagar, com a moto completamente carregada com baús neste contorno, depois de algumas considerações. Só depois de chegarmos ao outro trevo que percebemos o equívoco (falha também das placas do primeiro trevo, que além de estarem em péssimo estado, descreviam somente como acesso a Andrelândia). Bem, valeu a pequena experiência off no meio do nada, kkkk.

De volta ao asfalto, chegamos à cidade de Madre de Deus de Minas e, de lá, percorremos estradas já conhecidas passando por São João del-Rey (onde paramos, logicamente, no Legítimo Rocambole) e Barroso, para finalmente chegarmos a Barbacena.

Essa foi a segunda viagem mais longa que fizemos de moto e tudo correu muito tranquilamente. Pudemos curtir tudo e aproveitar novas paisagens e paradas, daquele jeito que só uma viagem de motocicleta pode proporcionar. Gostamos bastante de São Lourenço e toda a região e retornaremos, na primeira oportunidade. Foi incrível!