domingo, 5 de novembro de 2017

Vale do café

Esta viagem começou com uma ida a Juiz de Fora, para ficarmos entre meus tios e primos. A partir de lá, o plano era tomar o rumo sul, para o Rio de Janeiro, aproveitando a antiga Estrada União Indústria e passarmos, ao menos, em Paraíba do Sul, para mais um carimbo da Estrada Real. Combinamos com o Pedro, a Luíza e alguns amigos deles, o Adriano, a Janaína, o Danilo e a Sandra. Nem todo mundo deu certeza, pois cada um tinha uma programação. Meu tio Célio animou a ir também, com sua Shadow 750.

Depois de uma noite complicada, em que eu e a Rochelli dormimos muito pouco (peguei uma virose, sei lá), acordamos cedo no sábado para seguirmos com nosso plano. Tio Célio já esperava a gente com um gostoso café da manhã e a moto reluzente, pronta para viagem. O tempo estava meio fechado e esperávamos encontrar chuva pelo caminho.

Marcamos o ponto de encontro no Posto Salvaterra, na saída de Juiz de Fora. Lá ficamos sabendo que o Danilo e a Sandra não iriam e o Adriano e a Janaína estavam atrasados. Entramos em contato e resolvemos seguir. Eu meio catimbado e minha lindinha com sono pela noite mal dormida, mas estávamos firmes em nosso propósito. Pegamos a 040 somente até a saída para Cotejipe e Simão Pereira, tomando o traçado da antiga União e Indústria. Estradinha simples, sinuosa, mas repleta de história.

Passamos pelas pequenas cidades até a divisa com o Rio de Janeiro, em um lugar conhecido como Paraibuna, com uma grande pedra que emoldurava a paisagem. Paramos próximo ao agora desativado Museu Rodoviário e esperamos por notícias do Adriano. Nada ainda, kkk. Seguimos pois. Voltamos a 040 para só pararmos em Paraíba do Sul, no posto da Polícia Rodoviária Federal, nosso próximo ponto de encontro.

O tempo foi abrindo e cada vez mais aproveitávamos. Minha lindinha usou e abusou da GoPro (infelizmente esquecemos nossa câmera Canon, mas as muitas fotos ficaram ótimas). É muito bom viajar assim, em grupo.

No posto policial, depois de um tempo parados, recebemos a informação que o Adriano e a Janaína não viriam mais. Uma pena. Seríamos só nós cinco mesmo. Seguimos em frente, entramos em Paraíba do Sul e fomos direto ao Hotel Itaoca (graças ao Pedro e à Luíza, que lembravam o caminho entre as ruas de Paraíba), onde conseguimos mais um carimbo em nossos passaportes. Nos informamos e seguimos para o Parque das Águas Minerais Salutaris, onde paramos, descansamos e curtimos o lugar.

Embora antigo, algo evidenciado pelas construções, o parque é bem agradável. Experimentamos as diferentes águas das fontes, tiramos fotos e compramos umas bobagens. Aí ficaria apenas a decisão: em função de nossa noite tenebrosa (kkk), valeria a pena irmos mais adiante? Ou melhor seria voltarmos de Paraíba mesmo? Bem, estávamos bem e animados. Não estávamos com mostra de cansaço evidente, então... Claro que seguimos.

O plano consistiu então em seguirmos rumo a Paty do Alferes, com intuito de chegarmos a Miguel Pereira, onde almoçaríamos e ainda poderíamos visitar o Lago Javary (sugestão do Tio Célio, que já havia ido a um encontro de motociclistas por lá). As estradas, no entanto eram simples e sinuosas, com poucas possibilidades de ultrapassagem. Nós gostamos muito dessas estradinhas, mas depois de um bom tempo trafegando por elas, passando por paisagens repetitivas e um monte de pequenas cidadezinhas repletas de quebra-molas, ficamos exaustos.

Quando chegamos em Miguel Pereira, estávamos doidos para esticar as pernas e almoçar. Encontramos um restaurante muito bom, chamado Estação Grill, onde pedimos os pratos executivos. Ótimos, por sinal. As meninas optaram por hambúrgueres e todo mundo comeu até fartar.

Após um bom descanso e termos jogado bastante conversa fora, saímos do restaurante e tomamos o rumo do Lago Javary, onde pretendíamos ficar um tempo, recuperando as energias para o retorno. Lá, estacionamos as motos e nos acomodamos à beira do lago. Lugar muito agradável e bonito, com pontes suspensas sobre a água, passeios de bicicleta, pedalinhos, restaurantes e música. Muito optavam por pescar no lago e eu mesmo vi uns dois peixes grandes virem à superfície. Foi uma pena mesmo termos esquecido a Canon, que poderia ter feito fotos maravilhosas. Mas nos viramos com a GoPro mesmo e com nossos celulares.

Meu amor nunca tinha andado de pedalinho e aproveitamos a oportunidade. Eu estava com um pouco de dor de cabeça ainda por conta da noite mal dormida e tudo o mais, mas foi bem legal. Eu mesmo já tinha me esquecido de como era e, com certeza, se tivermos outra chance como essa, andaremos de bom grado.

Passamos uma tarde agradável próximo àquelas águas, todos relaxando. O tio Célio gostou muito da companhia do Pedro e da Luíza e, como sempre, pensamos em outros passeios. Mas, com o avanço das horas, tínhamos de pensar na volta, considerando o cansaço que eu e a Rochelli teríamos e, também, na situação de nossos amigos da Ténéré 660, que ainda iriam para Barbacena! A decisão, dessa vez, foi por pegarmos as melhores e mais rápidas estradas disponíveis e, para isso, tomamos o rumo de Vassouras. De lá, pegaríamos somente as BRs 393 e 040.

Mais um bocado de estradas simples, agora a RJ-121, e chegamos a Vassouras. Nossa, que cidade linda. Passamos brevemente pelo centro histórico e, sinceramente, deu vontade de ficar por lá. Depois eu e a Rochelli checamos ser a cidade onde foi filmada a minissérie Presença de Anita. Deve ser por isso que nos pareceu tão familiar e bonita. Adoramos aquela minissérie. Vassouras possui um lindo casario imperial. Com certeza voltaremos lá, e para ficar uns bons dias. Anotado na lista de desejos... kkk.

Depois de Vassouras, só estradão até Juiz de Fora novamente, onde paramos mais uma vez no Posto Salvaterra para nos despedirmos do Pedro e da Luíza, que seguiriam para a velha Barbacena. Valeu, gente! Foi realmente incrível.

Uma passadinha na farmácia e lá estávamos nós na casa do tio Célio de novo, comendo um delicioso cachorro-quente. Dessa vez, uma noite muito bem dormida, obrigado, e um domingo mais uma vez entre pessoas que sempre nos recebem tão bem. Obrigado Daniel, Patrícia, Luciano e tios Célio e Valéria, por toda a hospitalidade.

Saindo de Juiz de Fora, ainda encontramos um tempinho para das uma passada no Shopping Jardim Norte, apesar do tempo ir dando mostras de uma boa pancada de chuva. Na volta, chegamos a colocar nossas roupas de chuva, mas pegamos somente uma pancada, e bem breve, na saída da cidade, somente.

Em casa, mais uma vez, junto de nossas gatinhas Mione e Lisa, tentamos, sem sucesso, lembrar de tantas coisas que havíamos feito e de quantos quilômetros percorridos por estradas tão diferentes... Realmente, este texto não retrata nem um décimo do que vivemos nestes dias. Viagem perfeita.