domingo, 9 de outubro de 2016

Na trilha dos inconfidentes

Ouro Preto. Como adoro aquela cidade. Respirar História.

Há alguns anos, ir a Ouro Preto de moto parecia algo tão irreal. Também, para alguém que nem tinha ido a Tiradentes e usava a motocicleta essencialmente para ir ao trabalho, não era para menos. E sempre foi tão perto! Hoje percebo... Apesar de já ter viajado até para fora do país, como meus horizontes eram tolhidos. Agradeço a minha noiva Rochelli por propiciar e motivar essas novas vivências.

Nossa, Ouro Preto de moto... vamos lá com o relato.

Como o destino era o mais distante que já havíamos pensado, não conhecia as estradas e sabia que a cidade tinha muita coisa a nos oferecer, pela primeira vez resolvemos passar uma noite em nossas andanças. O planejamento, portanto, foi maior. Além da viagem, rotas, suprimentos e tal, reservei uma pousada central, cuidadosamente escolhida entre as disponíveis no Booking.com (dentro o orçamento apertado, kkk), já que eu tinha um bom conhecimento das localizações na cidade. Escolhida foi a Pousada Casa dos Contos, próxima ao Palácio dos Governadores (atual Museu de Mineralogia) e tinha até estacionamento, coisa meio rara em meio aos casarões do século XVIII.

Tudo arrumado, acertado e planejado, saímos cedo no sábado rumo a nosso destino. Estava bem quente, mas na incerteza das condições de tempo numa viagem mais longa, fomos com roupa de chuva, o que, mais tarde, demonstrou ser um erro, kkk. Passando por Lafaiete, seguimos a rota planejada no GPS e nos mapas online, passando por um acesso bem diferente entre a 040 e a estrada para Ouro Branco. Nem meu pai conhecia! Tudo certo, no entanto. Saindo da conhecida 040, percorremos a linda estrada que leva a Ouro Branco. Numa moto, a visão é completamente diferente. Serras, curvas, o próprio piso em si, o asfalto... Tudo diverso do que já havia conseguido notar nas vezes em que visitei Ouro Preto de carro.

Em Ouro Branco, paramos no centro, próximo a um hotel, para descansar brevemente e carimbar nossos passaportes da Estrada Real. Muito calor. Mesmo. Tirando isso, a viagem tinha sido ótima até então. Muito bem recebidos na recepção do hotel, carimbamos os passaportes e a Rochelli aproveitou para ir ao banheiro. Pé na estrada.

Um parágrafo sobre a estrada. Sensacional. Apenas isso. Estrada Real, com traçado sinuoso, passando pela Serra de Ouro Branco. Tudo muito lindo, e minha lindinha registrando tudo. Perfeito.

Chegando em Ouro Preto, já deslumbrados, passamos pela estação de trem e fomos direto para a pousada fazer o check in e deixar a tralha toda (que nem era muito - consistia do baú da moto e uma mochila). O que não dava para ver na internet era que a rua da pousada era uma ladeira... E que ladeira! Vertical, com calçamento pé-de-moleque, kkk. Carros levantavam facilmente a roda traseira ao sair do estacionamento. Deu medo. A Rochelli desceu e lá fui eu com a Ténéré, nova, alta, ladeira abaixo. A pesar da preocupação com uma possível saída de frente nas pedras escorregadias, tudo deu certo.

Tirando a ladeira (característica de Ouro Preto), a pousada era ótima. Simples, mas com uma vista linda. Localização ótima. Saímos e começamos a explorar a cidade. A partir da Praça Tiradentes.


Arrumamos um lugar simples para almoçar. Tipo um terraço improvisado, mas com uma comida caseira muito boa. Em seguida, andamos pelo centro, passamos por lojas, igrejas, o largo do São Francisco. Do centro até a estação de trem, tudo é histórico, tudo é fantástico. A cidade estava lotada por causa de uma festa da UFOP, a Festa do 12, comemorada pelas repúblicas de estudantes. Nem sabíamos de nada, kkk. E realmente, os hotéis estavam com preços acima da média e lotados. Na verdade, demos sorte de ter conseguido hospedagem. Visitamos a casa de Tomás Antônio Gonzaga, andamos pela Casa dos Contos, a Igreja do Rosário, entre outras atrações.

Tentamos ir ao Museu da Inconfidência, claro. Mas estava em reforma. Que azar! Somente o andar superior poderia ser visitado. Achamos que não compensava (a entrada continuava cara, inteira, e tal) por não acharmos justo. Fomos ao Museu de Mineralogia, o que acabou sendo muito legal. Fazia muito tempo que eu tinha ido e muita coisa havia mudado. Como museus são fantásticos. A Rochelli gostou muito também. Na verdade, era tanta coisa que o tempo é sempre curto. Aproveitamos juntos a noite agradável na cidade, tomando chocolate quente bem no centro. Compramos umas bobagens numa padaria próxima e fomos para a pousada. Já era hora de descansar.


No dia seguinte, café da manhã na pousada (que a Rochelli não aproveitou muito por estar se sentindo indisposta), e visitamos o entorno da Igreja de Antônio Dias. Andamos bastante pelas ladeiras e curtimos a cidade ao máximo, antes de voltar à pousada para o check out. Agradecemos a ótima hospedagem, arrumamos tudo na moto e saímos. Na saída, o desafio da ladeira. Mais uma vez sozinho, a moto chegou a arrastar a roda traseira na descida.

Antes de pegarmos a estrada, ainda aproveitamos para passar na UFOP. Foi muito bom levar a Rochelli lá e ainda ter uma ótima vista do mirante, para nos despedirmos da cidade.


A volta, mais uma vez a bela estrada de Ouro Branco. Dessa vez, resolvemos parar no Posto Trevão em Lafaiete, para descansar e lanchar antes de seguir para Barbacena.

Chegamos bem cansados, por tudo; pela viagem, pelas andanças, pelos passeios. Minha linda adorou a cidade que já morava em meu coração e que nos acrescentou ainda mais. Não tem como esquecer Ouro Preto e seus encantos. Ainda retornaremos, certamente, para visitar Mariana, andar de trem, e visitar o Museu da Inconfidência. Mas tudo valeu a pena. E foram dois carimbos em nossos passaportes (Ouro Preto e Ouro Branco).

Ótimas conquistas para nossas quilometragens...