segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Tão longe quanto nunca havíamos ido

Esta foi uma verdadeira aventura, kkk. Buscando conhecer novas estradas e lugares, fomos levados pelos próprios caminhos, pelas próprias paisagens, chegando, de repente, onde nunca havíamos imaginado.

A ideia inicial era fazermos um passeio até Ibertioga, explorando as condições da estrada que vai até Santa Rita do Ibitipoca. Tracei algumas rotas no GPS e, como faço sempre, marquei inclusive outros destinos. Mas apenas para comparar, visualizar entradas e trevos, além de calcular distâncias.

Resolvemos sair cedo pela manhã, para aproveitar o dia bonito que se iniciava. Eu e a Rochelli pegamos a Brosinha e tomamos o rumo de Campolide. Fazia tempo que eu não ia até Ibertioga. Na verdade, fora uma vez apenas, quando ainda tinha a minha Twister (antes de 2011, portanto). A estrada, simples, serpenteia por cima dos morros proporcionando ótimas vistas e desce repentinamente ao chegar na cidade. De lá, prosseguimos para Santa Rita do Ibitipoca. Mas aí é que está: havia mapeado dois caminhos e, digamos que, bem, o que tomamos era uma fria! Kkk. Uma estrada de terra seca, batida e lotada de calombos e costelas. Mesmo para uma moto com suspensão alta, era desconfortável. Mas a Bros foi valente. Andamos um bom trecho por esse caminho (não conhecia o outro), até sairmos num ponto em que interceptamos uma estrada de asfalto novamente. O que tomamos se tratava de uma variante muito doida. De qualquer forma, valeu pelos lugares, pelas fotos, etc. Seguindo pelo asfalto, chegamos a Santa Rita. Um pequeno lugar, mas muito bonito. Igrejas, praças, tudo bem cuidado. Paramos, descansamos da estrada ruim e tiramos mais fotos, aproveitando o momento. Ainda era relativamente cedo e, ao invés de voltar, decidimos seguir um pouco mais à frente. Eu sabia que uma estrada seguiria para Conceição de Ibitipoca e seu parque estadual e que a região tem uma grande serra, a qual pode inclusive ser vista de Barbacena! Eu queria simplesmente ver essa serra mais de perto, checar a estrada e voltar. Fomos.

A estrada agora era terra pura. Não tão desconfortável como a primeira, mas mais estreita. E foi ficando sinuosa, com algumas subidas e decidas consideráveis. Minha maior preocupação eram os mata-burros longitudinais, os quais sabia existir nas estradinhas da região. Na minha opinião, uma tremenda burrice, que deveria ser alterada. Motos e bicicletas podem facilmente se acidentar. No entanto, prosseguimos. De repente, esta pequena estrada se transformou numa das mais bonitas pelas quais já passei. A Serra de Ibitipoca surgia à frente, imponente. E sabíamos que o parque estava lá no alto. Não pestanejamos e seguimos em frente. Pura aventura. Muitas subidas e descidas. Íngremes, inclusive. Tomei todo o cuidado, claro (principalmente depois do tombo na ida para Caxambu pela Estrada Real), mas a Bros me surpreendeu. Piloto e garupa, mais baú, em apenas 150 cc, e íamos vencendo cada obstáculo. Até que a estrada estava com movimento, com muitos praticantes de mountain bike. Seguimos até um lugar com uns bares, que depois vim a saber se tratar de um distrito, com nome de Moreiras, onde paramos, esticamos as pernas, tomamos água e pensamos se prosseguiríamos ou não, afinal, já tínhamos ido muito além do que nos propomos inicialmente. Fiquei com medo da Rochelli cansar, mas minha lindinha estava animada que só ela. Eu já achava que não daria para entrarmos no parque, pois chegaríamos tarde e o tempo seria muito curto considerando o retorno, mas, mais uma vez, fomos em frente!

A estrada ficava cada vez mais desafiadora. Passamos inclusive alguns dos tais mata-burros, mas, por sorte, todos tinham tronqueiras laterais que possibilitavam nossa passagem sem maiores problemas. Já percebíamos a subida da serra, sinuosa, cheia de percalços, com trechos de mata mais fechada. Até que, surge um novo mata-burro (que, mais tarde, descobrimos ser o último que nos separava do destino). Era alto, praticamente uma ponte, pois a estrada passava por um riacho. Tronqueira lateral, não havia, por causa do grande desnível. Havia somente uma trilha, com muitas pedras soltas e que passava justamente dentro do riacho. Não dava para saber a profundidade e havia muito barro mole. Para piorar, os pneus estavam já bem ruins, com sulcos bem rasos. Paramos e analisamos. Passar pelo mata-burros era complicado (ele estava em péssimas condições, com ferros distantes e bambos). Esperei por algum tempo para ver se alguma outra moto passava. Nada, apenas carros, com muito cuidado. Os ciclistas carregavam suas bicicletas por sobre os ombros. E aí? Com a Rochelli esperando do outro lado, toda animada, desci o barreiro. E não é que era bem fundo? Água para todo lado, mas a brava Bros passou bonito. Ufa...

Chegamos a Ibitipoca! Assim, no susto... Não dava nem para acreditar. Era um destes lugares para os quais sempre queria ter ido de moto, mas que eu dependia de companhia e tal. Achava sempre que seria melhor ir num grupo com mais motos... Que nada. Estávamos lá! E a última vez em que tinha colocado meus pés por lá devia ter uns 12 anos de idade, talvez menos. Seguimos a estradinha, que foi melhorando seu piso até se transformar numa pista com blocos. Era a estrada do parque. Chegamos ao pórtico, apenas para descobrir que já estava fechado. Existe uma limitação diária de pessoas para acesso. E estava muito, muito lotado. Ficamos um tempinho por lá e tomamos o rumo da pequena cidade.

Paramos próximo a uma estrutura que parecia ser um centro de atendimento ao turista, fechado, kkk... De qualquer forma, tínhamos sombra, lugares para sentar (escadas) e fizemos um lanche com o que havíamos trazido de Barbacena. A cidade estava repleta de turistas e todos os lugares pareciam lotados. O lugar em que paramos era bem alto e tinha ótima visão do entorno. Aproveitamos para descansar bem e trocar nossas impressões da viagem. Estranhamente, meu celular tocou enquanto estávamos lá. Eram meus pais, avisando que meu tio-avô havia falecido. Residia em Juiz de Fora. Fiquei chateado, mas ele já estava adoentado nos últimos anos. Depois de conversarmos mais um pouco, percebemos que as horas estavam passando e ainda tínhamos um longo caminho de volta e igualmente desafiador! Juntamos nossas coisas e saímos.

Na volta, lá estava o mata-burros matador, kkk. Dessa vez, resolvi analisar melhor para tentar passar por cima, e não dentro d'água. Havia um homem com um cavalo próximo à água e perguntei como o pessoal passava por ali de moto. De pronto, ele me ofereceu ajuda para passar a moto lá pelo mata-burros. Subiu e fomos guiando a moto, desligada, pelos trilhos. Estranho, mas deu certo. Agradecemos e seguimos pois, em frente. Neste retorno, fizemos o caminho correto a partir da estrada de Santa Rita do Ibitipoca, evitando aquele complicado e desconfortável caminho de terra que pegamos em Ibertioga. Lá, em Ibertioga, demos uma breve parada para descansar e esticar as pernas.

É estranho como o retorno parece sempre mais rápido. Em pouco tempo, estávamos novamente em Barbacena. Na verdade, o tempo foi praticamente o mesmo, mas a sensação, muito distinta. Mortos que estávamos, queríamos um bom lanche e paramos no Subway, até para celebrar uma aventura incrível, a maior que já fizéramos. Um dia para a História. A nossa História.