domingo, 29 de julho de 2018

De aventura e hospitalidade

Tudo estava mais ou menos acertado para irmos visitar Dores do Paraibuna, principalmente uma igreja cercada pelas águas de uma represa. Essa visão me chamou atenção imediatamente quando buscava por fotos da região no Google Mapas. Mas esta é uma viagem que ficará para uma próxima oportunidade (não distante, espero).

Fato é que nossos amigos Pedro e Luíza nos convidaram para visitá-los em Ubá mais uma vez. Claro que aproveitamos a oportunidade de voltar a um lugar tão acolhedor. As meninas (Rochelli e Luíza) vinham conversando pela internet e, quando me dei conta, já estava com a viagem toda engatilhada. Inclusive a rota, kkk. A sugestão de minha lindinha era que fôssemos via Alto Rio Doce, passando por Abreus, Dores do Turvo, Senador Firmino e Divinésia, mesmo pegando um grande trecho de estrada de terra! O retorno seria pelo trajeto convencional, via Rio Pomba e Santa Barbara do Tugúrio.

Saímos no sábado, viajando com muita tranquilidade, pois sabíamos que iríamos passar por muitas cidadezinhas que não conhecíamos e aproveitar uma boa estrada de terra. Boa mesmo, pois se mostrou larga e com um piso ótimo. Mesmo com a moto carregada com os baús laterais, deu para andar legal. Nada de costelas ou buracos.

Conhecíamos o trecho e a linda descida da serra até Desterro do Melo. Depois, seria tudo novidade. A estrada segue simples, porém com ótimo piso até Alto Rio Doce. Entramos na pequena cidade e aproveitamos para conhecê-la, mesmo que rapidamente. Surpreendeu-me ser repleta de morros e ladeiras íngremes. Não sei por quê, mas imaginava uma cidade mais plana. A cidade é bem legal, pelo pouco que pudemos observar. Encontramos o que parecia ser o centro, com uma bela igreja de uma torre com uma ladeira atrás, a qual levava a uma praça, igualmente bonita e bem conservada, onde se situava a prefeitura. Pelos vestígios, houvera algum encontro de motociclistas na cidade nos dias que antecederam nossa visita. Seguindo, tomamos o rumo de Abreus, e aí... terra. E que estrada de terra interessante. Acho que nunca rodamos um trecho tão longo e numa estrada tão boa de terra. Sem costelas, com pouquíssimos buracos, dava para rodar a 40, 50 Km/h. Muito legal. Em pouco tempo, mas curtindo bastante, chegamos a Abreus.

Entramos no pequeno distrito para conhecê-lo também, já que, de vez em quando meu irmão e minha cunhada vão àquela região visitar alguns parentes dela. Mais um pequeno lugarejo para nossa já grande lista. Mais uma igreja impecável e uma pequena praça quase sem movimento, a não ser por algumas crianças. Algum comércio ativo, mercearias, salão de cabelereira, entre outras lojas. Tiramos algumas fotos e seguimos nossa jornada pelas boa estrada de chão.

Chegando em Dores do Turvo, voltamos ao asfalto. Paramos na rodoviária da cidade, aproveitando para ir ao banheiro e comermos algo. Jamais imaginaria conhecer esta cidade, muito menos de moto. Não estava nos planos. Graças à minha lindinha, resolvemos passar por este trajeto que nos trouxe novas paisagens e lugares. Uma ampla e bem cuidada praça abrigava a rodoviária com lanchonete e sobre uma elevação imperava grande igreja em reforma. Penso ser das maiores que já vi nestas nossas andanças por pequenos lugares. Subimos no adro e admiramos tanto a cidade ali do alto quanto os morros ao redor. Tiramos várias fotos e, como já era de se esperar, pé na estrada.

Na sequência, Senador Firmino e Divinésia, antes de chegarmos em Ubá. Senador eu tinha vontade de conhecer, pois foi o primeiro local de trabalho de nosso amigo Pedro, que íamos visitar. Divinésia foi outra surpresa com uma decida de serra impressionante até chegar a Ubá.

Em Ubá fomos recebidos por nossos amigos Pedro e Luíza em sua casa. Almoçamos um ótimo strogonoff preparado pela Luíza, conversamos bastante e depois fomos de carro a Visconde do Rio Branco. As meninas iriam a um chá de bebê e, neste meio tempo eu e o Pedro ficaríamos no centro da cidade. Acabou que fomos também ao chá depois de passar brevemente um tempo no centro. Muitas famílias e amigos reunidos. O pessoal todo de lá é muito simpático e hospitaleiro. À noite, retornamos à Ubá, saímos e acabamos indo a dois lugares impecáveis: o Chefs Steakhouse e o Bendita Gula. Ficamos mais uma vez boquiabertos com a variedade de opções que a cidade nos ofereceu.

No dia seguinte, fomos a um churrasco num sítio de amigos dos dois. Mais uma vez, fomos muito bem recebidos. Acabamos provando, inclusive, carne de rã, que nunca havíamos experimentado. Tudo muito, muito bom, sem sombra de dúvidas. Mais hospitalidade ubaense: impecável. No meio da tarde, voltamos à casa do Pedro e da Luíza e nos preparamos para o retorno, não sem antes conversarmos mais um pouco com nossos amigos que tão bem nos receberam e fizeram questão de que nos sentíssemos em casa.

Já saudosos de mais uma viagem incrível que havíamos feito, iniciamos nossa viagem de volta, dessa vez, pelo caminho menos aventureiro, mas não menos bonito. Fizemos nosso retorno passando por Tocantins, Rio Pomba e Santa Bárbara, fazendo a subida da nossa já conhecida Serra de Santa Bárbara, já na luz crepuscular.

De volta em Barbacena, já cansados, tínhamos certeza de ter aproveitado ao máximo as pequenas e limitadas (além de, no meu caso, parciais) férias de julho, fazendo de tudo um pouco, revendo amigos e sabendo que estamos mais ligados do que nunca em nossas viagens e em nossas vidas.

 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 




sábado, 21 de julho de 2018

Circuito pelo interior

Fazia tempo que eu queria muito retornar à estrada de Campolide, tomando o rumo sul. A última vez em que havíamos passado por lá, ainda estava com a Bros e nos aventuramos passando por Santa Rita de Ibitipoca até chegarmos a Conceição do Ibitipoca, na entrada do parque estadual. Muita terra, muito cascalho e muitas subidas e descidas. No entanto, a MG-338 segue seu caminho depois do trevo que dá acesso a Santana do Garambéu (outra cidade que nunca visitamos) e Santa Rita do Ibitipoca. Passa por Piedade do Rio Grande e chega em Madre de Deus de Minas, onde se encontra com a BR-383. Pois então... Esta era a rota prevista, com destino em Madre de Deus de Minas e retorno pela própria BR-383 e pela BR-265, passando por São João del-Rei. Um circuito, portanto, com cerca de 200 Km de extensão.

Saímos ainda pela manhã, por volta das 9h, depois de preparar tudo, abastecer a Ténéré e calibrar os pneus para uma estrada não muito boa. Sabia que o trecho da MG-338 entre o trevo para Santana e Piedade era de terra. Tudo pronto, pé na estrada.

A estrada de Campolide é uma velha conhecida. Asfaltada, mas simples e estreita, com alguns radares na primeira parte. Depois do distrito, até a cidade de Ibertioga, predomina seu traçado por lugares altos, evitando os vales. Isso nos dá uma visão muito bonita da região, com destaque para a Serra de Ibitipoca, que crescia à nossa esquerda à medida em que nos dirigíamos para o sul. Com uma descida respeitável até Ibertioga (daquelas de dar pressão no ouvido), atravessamos a cidade e prosseguimos. Como previsto, até o trevo de Santana, asfalto e o mesmo estilo de estrada, pelo alto, com visões de fazendas com casas grandes e pequenas; a Serra de Ibitipoca se distanciando conforme passávamos ao largo. Após o tal trevo, terra... E uma terra seca, praticamente sem poeira, mas extremamente dura, principalmente no início, colocando à prova a ótima suspensão da Ténéré, já que estávamos até que bem carregados, com baús laterais e tudo. Como não estávamos com pressa alguma, seguimos bem devagar, curtindo a paisagem. Os solavancos acabaram por aumentar a vontade de fazer xixi que vinha me batendo e, num lugar alto e com uma boa vista dos morros e serras, demos uma paradinha numa reta larga e com sombra, onde aproveitei para me aliviar. Depois dessa parte, a estrada ficou mais sinuosa, embora tenha melhorado um pouco o piso, menos duro. Subidas e decidas mais íngremes e curvas mais apertadas até chegarmos em Piedade do Rio Grande.

Que chegada diferente! A cidade é bem no alto de um morro e uma reta com uma descida muito forte e uma subida também de respeito (aqui na região chamamos isso de bate-cova, kkk) nos levaram ao pequeno centro onde paramos para descansar um pouco e apreciar o lugar. Estacionamos em frente à igreja principal, em que se realizava uma missa, e sentamos num banco da praça. Minha lindinha estava com um pouco de fome, então peguei uns biscoitos e a água que havíamos trazido num dos baús. Algumas fotos, um sol já bem quente, pois a hora ia passando, e, em pouco tempo, já estávamos pegando a estrada de novo.

Este trecho seguinte da MG-338 é bem diferente. Igualmente bonito e simples é, porém, bem asfaltado. E a paisagem passa a conter grandes fazendas, daquelas com silos enormes, similares aos que encontramos às margens da BR-265 depois de São João (pudemos ter essa visão quando fomos a Carrancas). Como o dia estava ideal, fresco e com céu de brigadeiro, a viagem foi perfeita. Avistamos a cidade de Madre de Deus de Minas ao longe e, em pouco tempo, chegamos.

Também no alto de uma pequena colina, Madre de Deus é uma cidade pequena e muito bonita. Bem cuidada. Estava bem vazia e parada, como muitas cidades do interior por que passamos. Acaba que os locais estranham quando nos veem, paramentados para viagem e tal... kkkk. Mas faz parte, é normal. E, nessas andanças por pequenas cidadezinhas, sempre fomos muito bem acolhidos. Ali não seria diferente. Procuramos de cara os restaurantes disponíveis e vimos umas três ou quatro opções. A fome já ia batendo. Paramos, como sempre, na praça principal em frente à igreja matriz, para descansar e nos localizar. Curtimos tudo até ali: cada curva da estrada, as paradas, os trechos em que dava para andar mais, os lugarejos. O barato de andar de moto realmente não está somente na chegada ao destino. Nada mais verdadeiro do que esta impressão.

Tiramos fotos na praça e na igreja principal e seguimos para uma outra praça próxima, na qual eu sabia haver uma igrejinha pequena, muito bonita, singela e histórica. Vamos sempre conversando enquanto andamos, trocando impressões acerca dos lugares e tirando muitas fotos. A pequena igreja era, realmente, muito bela. Estava toda preservada e pintada. Em frente, na praça, havia um coreto que servia também como mirante de uma ótima vista da própria cidade e dos campos ao redor. Ficamos por lá um bom tempo.

Voltando da igreja e do coreto, passamos em frente a um pequeno restaurante. Um restaurante que eu nem havia visto em minhas pesquisas preliminares (aquelas que sempre faço antes de ir a um lugar, kkk). Observando de fora o lugar, vi cadeiras de madeira limpas e organizadas num ambiente simples, mas muito bem apresentado. Entrando, encontrei a dona/cozinheira e o cheirinho de comida caseira já invadia o ar, apesar de ainda estar cedo (mais ou menos 11h20min). Conversei um pouco e a senhora apresentou os pratos. Não tinha tanta variedade, como era de se esperar (arroz, feijoada, feijão, angu, frango com quiabo, macarronada, salada e mais umas coisas). Mas o cheiro, nossa. De feijão fresquinho, quentinho com bastante louro; arroz soltinho... Se dúvidas iríamos almoçar lá! Meu amor concordou e foi ótimo! Que comida caseira... Uma hospitalidade e confiança que apenas se encontra em cidades pequenas. Os donos deixava o lugar o tempo todo em seus afazeres e os poucos clientes almoçavam tranquilos. Quando terminamos, perguntei se poderia pagar com cartão de débito (já que havia indicações e uma máquina de cartão no pequeno balcão). A dona disse que a máquina não estava funcionando, mas que não nos preocupássemos, pois poderíamos pagar na próxima vez, kkkk. Tivemos que explicar que não éramos dali e pagamos em dinheiro e muito satisfeitos a velha senhora. Nos despedimos, voltando para a praça em que a moto estava estacionada e iniciamos nossa jornada de retorno.

A outra estrada que pegamos para voltar, a BR-383, é uma estrada melhor do que a MG-338. Simples, porém muito melhor. Mais movimentada também. Varia grandes subidas e descidas, passando às vezes por conjuntos de morros bem altos com vistas amplas e às vezes por profundos vales. À esquerda, à distância, pudemos ver a linda Serra de Carrancas, e uma saudade bateu também daquela viagem incrível que fizemos por aqueles lados. Em pouco tempo, chegamos à interseção com a BR-265 e seguimos à leste para São João del-Rei. No contorno da cidade, ainda à beira da estrada, fizemos nossa última parada. Onde? No Legítimo Rocambole... kkkk. Aquele mesmo de nossa primeira viagem a Lagoa Dourada e também da segunda e recente vez em que lá estivemos. Mais rocambole! Delicioso, como sempre. Eu não tinha certeza de que seria o mesmo, ali em São João, mas minha lindinha tinha! Melhor para nós. Descansamos, comemos, conversamos e seguimos nossa viagem.

De São João a Barbacena, a conhecida BR-265 e um trânsito mais intenso. Mas como o dia continuava lindo, a viagem foi ótima. Chegamos ainda cedo em Barbacena, todavia nosso propósito havia sido cumprido: novas estradas, novos trajetos, novas cidades e muitos quilômetros sobre rodas. Em casa, depois de um banho, descansamos juntos e satisfeitos, repletos de mais impressões e lembranças de novos lugares.