Hoje foi um dia de viagem solo. O Samuel me avisou que estava um pouco doente e a Rochelli também teria compromisso. Não é todo mundo que tem a sorte de poder dar uma escapada na sexta-feira, não é mesmo? Apesar dessa bela folga, trabalho no sábado. kkkk
Bem, escolhi um destino sobre o qual já estava curioso há algum tempo. Além disso, seria um destino com um bocado de offroad. Queria ver de perto o lago da represa de Itutinga, formado pelo Rio Grande. E gostaria de fazer isso a partir da localidade do Caquende, na rota do Caminho Velho da Estrada Real. Mais uma vez percorreria a BR-265, que já tem se tornado uma velha conhecida também, mas, em compensação, a partir do trevo para a estrada de chão, seria tudo novidade.
Programei-me para sair por volta das 8h da manhã, mas acabei acordando cedo (síndrome de professor do turno da manhã) e comecei o passeio às 7h e poucos. Tinha abastecido a Ténéré na véspera, o que tornou a saída ainda mais rápida.
O tempo não estava lá muito bom: tudo muito nublado e ainda bem frio. Ao menos, não havia possibilidade alguma de chuva segundo a previsão. Bom, pois queria realmente encarar um off maior, mas não estava disposto a travessar lamaçais ou correr o risco de ficar preso em um lugar ermo.
A 265 estava bem movimentada, até, com muitos caminhões. Mas a Ténéré em modo solo é bem esperta para fazer as ultrapassagens com muita margem e segurança. Estrada simples, mas com um bom piso, que permite andar legal. A temperatura foi esquentando na medida em que eu descia (Barbacena é um ponto alto na região) e o sol ia saindo, timidamente.
Depois de passar pelo trevo de Tiradentes, pelo contorno de São João del-Rei e também pelo trevo do pequeno distrito de Rio das Mortes, que tive oportunidade de visitar recentemente, resolvi que um bom lugar para tomar um cafezinho seria o também distrito de São Sebastião da Vitória, pois nunca havia parado ali. Acabei mantendo a regularidade: pão de queijo (recheado com linguiça) e café com leite. Eita lanche mineirinho!
Depois da parada, segui viagem até um dos trevos de acesso para o Caquende, com saídas à esquerda. Optei por entrar no segundo, que me pareceu um traçado mais interessante quando olhei nos mapas na véspera. A estrada de terra é bem larga e bem cuidada, permitindo andar bem rápido em alguns trechos. Grandes fazendas ficam nas suas margens e este deve ser o motivo para este estado. É um caminho muito bonito mesmo, com partes altas alternando vales, com subidas e descidas. Tudo estava muito seco e havia muita terra, pó e inclusive alguns bolsões de areia, deixando algumas partes escorregadias e bem técnicas (principalmente nas partes mais íngremes). Na chuva, com tanto pó fino sobre uma terra bem compactada pelos caminhões agrícolas, a estrada deve ficar um verdadeiro sabão.
Na descida para um dos vales, cheguei à comunidade quilombola da Jaguara, onde parei próximo a uma pequena igreja para conhecer e tirar algumas fotos. A singela igreja repousa no centro da pequena comunidade, como já é de praxe. Retomando a viagem, uma subida acentuada e cascalhada (escorregadia, portanto) me levou para outras partes bem altas da estrada, num trecho mais longo de terra. Lá, dos pontos altos, pude já ver o grande lago da represa e também o paredão da serra de Carrancas ao longe.
Próximo ao destino, a estrada desce através dos morros e mata-burros para chegar ao distrito do Caquende. Esta era uma localidade atendida pela Estrada Real, juntamente com a Capela do Saco, separadas em margens opostas quando da construção da barragem de Itutinga, que represou o Rio Grande e criou o grande lago artificial.
Encontrei o pequeno distrito completamente parado, com casas fechadas e pouquíssimas pessoas em suas ruas de terra. Fiquei inicialmente surpreso porque, talvez por se tratar de uma localidade situada à margem de uma represa importante e bem famosa na região, achei que houvesse mais estrutura ou ao menos mais movimento de pessoas. Bem, talvez seja movimentado aos finais de semana. Parei no centro, próximo à igreja (que surpresa...) onde registrei a chegada em fotografias. Segui a rua principal, que consistia em duas trilhas (daquelas com matinho no meio) e cheguei bem à beira da represa, num local chamado Porto da Anita. Trata-se de um porto secundário, pois sabia que em um outro atracadouro, mais ao sul, opera um serviço de balsas entre Caquende e Capela do Saco. Contudo, resolvi ficar por ali, que era aquele tipo de lugar que tem uma paz que a gente não encontra muito facilmente no dia a dia. O interessante de represas em nossa região é toda aquela água (com a qual o bom mineiro não se habitua) com o sentido de um passado histórico ali, submerso. Sentimento semelhante ao de quando fomos em Dores do Paraibuna, porém com um passado mais remoto, ligado ao ciclo do ouro e ao início da ocupação do sertão mineiro.
Como havia tomado um bom café na ida, ainda estava sem fome. Havia uma pequena venda/lanchonete na praça principal aberta, com algumas pessoas. Depois de passar um bom tempo junto à represa, voltei ao centro, mas o que me chamou a atenção mesmo foi uma árvore enorme, em cuja sombra parei, curtindo mais um pouco o singelo distrito, antes do meu retorno.
A volta a Barbacena foi pelo mesmo trajeto, pegando aquele terrão, passando novamente pela Jaguara. A Ténéré não reclama, nem eu. Moto suja, alma lavada.
Top! Top! Top! Piloto e moto guerreiros!!! Parabens mais uma vez.
ResponderExcluirEi, tio Célio! Obrigado! Foi uma rota muito interessante! Se quiser conhecer um dia, combinamos. Será ótimo voltar lá!
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