sexta-feira, 24 de junho de 2022

Contra o fluxo

Mais uma postagem da série "Escapadas de sexta-feira".

Resolvi visitar mais uma localidade que eu não conhecia: Jeceaba, uma pequena cidade ao norte de São Brás do Suaçuí e ao sul de Belo Vale. O trajeto pretendido era um circuito, pegando a MG-275 em Carandaí para Lagoa Dourada, subindo a MGC-383 até Entre Rios de Minas, seguindo pela MG-155 até Jeceaba e voltando por Conselheiro Lafaiete, via BR-040 (como dá para conferir ao final desta postagem).

O tempo estava perfeito, sem nenhuma nuvem e com aquele clima ameno de inverno pela manhã. A Ténéré já estava com o tanque quase cheio e não seria preciso abastecer ao sair. Viajei pela 040 até Carandaí, dando uma paradinha em Hermilo Alves (onde pude visitar a antiga estação ferroviária) e logo já estava na ótima e linda estrada para Lagoa Dourada, passando pelos lugarejos de Arame e Bandeirinhas, sempre percorrendo verdadeiras cristas de morros altos e vales com fazendas.

Em Lagoa Dourada, resolvi visitar novamente a igreja matriz de Santo Antônio, mas também conhecer outra, mais ao alto: a igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Para chegar até ela, partindo do prolongamento da rua principal onde se situa o Legítimo Rocambole, subi uma verdadeira ladeira. Muito íngreme, de assustar mesmo. Mas a vista lá do alto e das próprias igrejas, históricas, foi compensadora.

Quando tomei o rumo norte, para Entre Rios de Minas, na MGC-383, comecei a cruzar com uma profusão de motos, de todos os tipos: esportivas, big trails, Harleys... Muitas daquelas que valem umas dez Ténérés 250, kkkk. Logo lembrei: neste final de semana acontece o encontro nacional de motos de Tiradentes, e a galera de Belo Horizonte geralmente percorre o caminho de São Brás do Suaçuí a São João del-Rei. Foi legal poder ver muitas motos diferentes e ir cumprimentando a galera no sentido contrário.

Chegando em Entre Rios, pude lembrar bastante de quando visitamos a cidade, em busca de carimbos do passaporte da Estrada Real. Lembranças boas. Parei em outra parte, que não havíamos estado da outra vez, em frente a matriz de Nossa Senhora das Brotas. Aproveitei para verificar as baterias das câmeras e tirar umas fotos. Passando pelo centro, segui rumo a São Brás do Suaçuí, novamente contrariando o sentido do fluxo da galera motociclista.

Havia planejado alguns pontos de parada, para o caso da fome bater forte. O principal que marquei foi a Charm Country Lanchonete e Restaurante. Quando cheguei, parecia que tinha um milhão de motos e pessoas por lá. Pensei em procurar outro lugar, mas como ainda iria a Jeceaba e imaginava que seria uma estrada mal servida de lanchonetes e boas paradas, resolvi ficar por ali. Mau negócio: demorou, gastei muito e nem aguentei comer o pão-de-queijo recheado que pedi. Não que a comida não fosse boa. Pelo contrário. Estava ótimo, mas era tudo muito grande, em excesso. Além disso, lugares muito badalados não são a minha praia. De qualquer forma, faz parte da experiência de viagem dar umas mancadas de vez em quando. Quando retornar para aquelas bandas, talvez revisite esta lanchonete, em períodos mais calmos, para conhecê-la melhor, dando outra chance, pois todos lá estavam elogiando muito o lugar. Ah, e a vista era espetacular.

Depois da parada, segui no sentido São Brás, mas contornando a cidade, chegando até o trevo de Jeceaba. A estrada fica enorme, duplicada, logo em São Brás, e segue assim tanto até a 040 (sentido leste) quanto até uma grande indústria chamada Vallourec (sentido norte). Segui rumo norte e após o acesso à indústria a estrada se torna simples, porém com um piso decente. Foi legal passar por essa estrada podendo ver a linha férrea, os grandes viadutos da ferrovia do aço e o próprio Rio Paraopeba. Ao chegar em Jeceaba, uma cidade bem pequena e simples, fui direto à estação, para registrar uma fotos e descansar. Uma equipe de filmagem estava fazendo algum tipo de documentário na construção, então, não fiquei muito tempo, para não atrapalhar o trabalho do povo. Dei umas voltas para conhecer a cidade e decidi que era hora de ir para casa.

O retorno foi via 040 mesmo, passando por Conselheiro Lafaiete, onde eu ainda encontrei uma parada para tomar um bom café-com-leite. Foi um ótimo passeio por estradas novas e velhas, lugares desconhecidos e conhecidos. Para ser sincero, foi bom também ir no sentido contrário: contra a agitação, a badalação e a grana de Tiradentes. Gosto de lá, mas estava procurando sossego, e para isso, nada como uma viagem de moto pelas pequenas e simples cidades de Minas Gerais.



















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