Estradas de serra são sempre interessantes. Uma em específico, a estrada entre Petrópolis e Teresópolis, famosa Serra de Teresópolis, ficou na minha lembrança durante muito tempo, por conta de algumas viagens que fiz para aquela região ainda quando criança e adolescente. Por conta dessas lembranças, esse destino estava sempre nos nossos planos, embora, por conta da distância, fosse necessário um serviço de hospedagem.
Aproveitando a semana de outubro, em que alguns feriados são mesclados aqui em Minas Gerais, decidimos que era hora de fazer uma viagem um pouco mais longa. E claro, Teresópolis estava em nossa ideia. Reservamos um hotel, o Hotel Willisau, localizado na parte alta da cidade, mesmo sem ter claras lembranças das atrações que a cidade poderia nos oferecer.
A ideia era sairmos numa segunda-feira e ficarmos na cidade por duas noites, regressando na quarta. Uma preocupação crescente passou a ser o tempo na região, quando chuvas intensas começaram a castigar Barbacena na semana que antecedeu nossa reserva. Ficamos de olho nas previsões do tempo e percebemos que havia uma janela de tempo bom em Teresópolis, justamente nos dias da nossa viagem. Esse dado foi importante para confirmarmos a viagem de moto, já que ir de carro geralmente não tem muita graça.
Na véspera, domingo, arrumamos nossas roupas e bagagens, preenchendo os baús das motos, que agora são quatro. Carregamos as câmeras e os comunicadores, como sempre fazemos para viagens longas.
Na segunda-feira, acordamos, carregamos as motos e saímos. Decidimos não sair muito cedo, pois o check-in no hotel estava marcado apenas para as 14 horas. Considerando o trajeto, não valeria a pena chegar muito cedo. Abastecemos as motos e pegamos a estrada, seguindo pela BR-040 em direção a Santos Dumont e Juiz de Fora. A estrada estava bem movimentada e o tempo estava feio, muito molhado, com uma chuvinha fina e constante. Seguimos nessas condições até praticamente Santos Dumont, onde o tempo começou a melhorar um pouco, embora ainda estivesse bastante nublado.
Passamos por Juiz de Fora e decidimos fazer uma parada para um café, que acabou acontecendo na lanchonete Rodo Lanches, em Três Rios. Foi uma parada muito boa, porém um pouco cara. De Três Rios, seguimos rumo ao sul, em direção a Areal e Pedro do Rio.
Além de curtir um bom hotel e descansar a cabeça, tínhamos um outro objetivo nessa viagem: obter o carimbo da localidade de Secretário, um distrito de Pedro do Rio que fica no antigo Caminho Novo da Estrada Real. Havíamos passado próximo a esse local quando viajamos para Petrópolis com o Alex e a Maria, mas na ocasião não sabíamos sobre o carimbo e não queríamos sair muito da rota, já que estávamos fazendo um verdadeiro bate e volta. Dessa vez, a situação era diferente. Tínhamos o dia todo para chegar em Teresópolis e um desvio de rota seria bem-vindo para conhecer novas cidades.
Seguindo meu pequeno GPS Garmin, fiquei atento à saída para Secretário, que parecia um tanto confusa a partir da BR-040. Após alguns quilômetros, saímos à direita e pegamos a estradinha de acesso ao bairro de Pedro do Rio. A estrada era bem sinuosa e íngreme, com curvas fechadas, incluindo uma em formato de cotovelo bem fechado. Depois de alguns quilômetros, chegamos a Secretário. Lá, paramos as motos numa praça que constava como ponto de carimbo do passaporte da Estrada Real. O posto turístico, uma pequena banca metálica, estava completamente fechado e ficamos frustrados. Perguntei em comércios próximos sobre outro ponto de carimbo, sendo informado que talvez fosse possível carimbar o passaporte numa escola pública, mais à frente, ou num posto logo na entrada de Secretário, pelo qual provavelmente havíamos passado. Fomos até a escola, mas, como era feriado, estava fechada. Retornamos ao posto e, para nossa surpresa, o carimbo estava em cima de uma bomba de gasolina, indicado por um dos frentistas. Rapidamente, carimbamos nossos passaportes, felizes por termos conseguido obter esse carimbo meio inusitado, e seguimos viagem.
Percorremos a BR-040 até Itaipava, onde pegamos a estrada de acesso à Serra de Teresópolis. Uma estrada que, pelas minhas lembranças, era bem sinuosa, muito alta e com piso de concreto em placas, bem diferente, portanto. Consultando mais tarde, verifiquei que se tratava da BR-495, que liga Itaipava a Teresópolis.
Aí as coisas começaram a ficar verdadeiramente interessantes. Depois de um trecho de asfalto sinuoso, iniciamos a grande subida da serra. O piso da estrada realmente passou a ser de concreto, e, apesar da subida não ser muito íngreme, percebemos que ganhávamos altitude a cada quilômetro percorrido. Subimos até alcançarmos um mirante, entre vários, alguns abandonados. É uma estrada bastante antiga, o que nos leva a crer que era necessário ter várias paradas ao longo das subidas para o arrefecimento dos antigos veículos, tanto carros como caminhões. Algumas dessas paradas pareciam ser mirantes bem estruturados, com lagoas e fontes, mas pouco restou do período em que estavam no auge. Num dos mirantes, onde notamos algum movimento, decidimos parar para tirar fotos e acabamos tomando um caldo de cana. Logo depois, continuamos subindo para partes belíssimas da estrada, com vista para a região de Itaipava.
Cruzamos a serra no seu ponto mais alto, que depois pude checar ser de cerca de 1.700 metros de altitude, atravessando a divisa dos municípios de Petrópolis e Teresópolis e iniciando a descida. O trecho de descida, também muito sinuoso, nos possibilitou uma vista grandiosa de Teresópolis lá embaixo. Descemos com calma e, em pouco tempo, já estávamos na parte baixa, percorrendo as ruas e avenidas da cidade. Ao chegar, paramos brevemente em uma farmácia, pois a Rochelli estava com dor de cabeça. Em seguida, pegamos o que parece ser a avenida principal, que corta a cidade, e seguimos para a parte alta na direção sul, ou Bairro do Alto, onde se localizava o nosso hotel.
Foi muito fácil encontrar a acomodação e ficamos felizes com o que encontramos: um hotel de estilo bem serrano, tradicional, com boas acomodações e localizado em um ponto ótimo da cidade, onde havia muitas opções de restaurantes, bares e cafés. Com certeza, poderíamos fazer vários passeios no dia seguinte.
Chegamos ao hotel por volta das 14h, descansamos e à noite saímos para comer. Resolvemos ir a uma pizzaria temática, meio de quadrinhos, meio de espaço, onde ao chegarmos descobrimos um serviço de rodízio. Acho que nunca comemos tanta pizza na nossa vida. Voltamos ao hotel para finalizar a noite.
No dia seguinte, o plano era conhecer mais alguns lugares e, claro, tentar a vista do famoso Dedo de Deus, na Serra dos Órgãos. Tomamos um bom café da manhã, descansamos brevemente e saímos com as motos por volta das 11h. Seguimos em direção ao Rio de Janeiro, passando pelo acesso da Granja Comary e pelo trevo sul da cidade. Pegamos a rodovia Rio-Teresópolis até alcançarmos o restaurante Paraíso da Serra, um restaurante panorâmico. Essa descida possibilitou vistas incríveis da Baixada Fluminense. O restaurante, muito bom e com self-service, é muito bem localizado e nos proporcionou várias fotos legais. A comida estava deliciosa.
Após o almoço, voltamos para Teresópolis, parando nos mirantes situados nessa estrada, que é na realidade um trecho da BR-116. Paramos no mirante do Dedo de Deus e no mirante do Soberbo, pontos turísticos famosos da cidade. Depois, seguimos para o hotel e passamos em frente à entrada da Granja Comary, que estava repleta de carros e sem pontos de estacionamento. Como não era nosso objetivo principal, retornamos e nos preparamos para fazer mais alguns passeios à tarde e à noite.
Na parte da manhã, antes de sair para o almoço, já havíamos visitado a praça da Feirinha do Alto, que infelizmente não estava funcionando e também a Fonte Judith, nos arredores do hotel. Visitamos também os shoppings Comari e do Alto. À tarde, decidimos passar novamente pelos shoppings e encontrar um bom lugar para jantar à noite. Acabamos jantando em um ótimo restaurante mexicano chamado Señor.
Depois de mais uma boa noite de sono no hotel, o dia seguinte já era o dia de retorno. Tomamos um bom café, arrumamos nossas coisas e saímos para pegar a estrada. Ainda demos uma passadinha novamente na Fonte Judith para carregar umas garrafinhas de água para a família da Rochelli. Mais uma vez, atravessamos a cidade, percebendo suas várias opções de restaurantes e lanchonetes. Subimos a serra com o dia bonito de sol e percorremos o caminho inverso até Itaipava, parando brevemente no mirante para mais algumas fotos, já que o tempo estava perfeito. De Itaipava, o caminho era conhecido e seguimos pela BR-040 no sentido norte, voltando para Barbacena. O tempo continuou bom, e fizemos nossa parada de lanche na lanchonete Dubão, já em Juiz de Fora, onde pudemos comer, mas achamos o preço bem salgado. Dessa parada, fizemos o percurso direto até Barbacena.
Essa viagem foi incrível e nos fez refletir que, apesar da contenção financeira em razão da faculdade da Rochelli, do FIES e da vida corrida de professor, precisamos reservar mais recursos para viagens como essa.
É fundamental termos momentos de descanso e realização, com vontade de já reservar o próximo hotel em uma cidade distante para mais uma viagem de moto.